precisou descansar
fechou os olhos e quando abriu
era mistério
por onde seguiram todos?
completamente só.
sabia intimamente que não deveria mais estar ali
voltar atrás não era opção
seguiu puxando atrás a maleta azul
a um estranho pediu ajuda,
e colheu seu sorriso frio
como a chuva que se aproximava.
o coração acelerava, buscando, em vão
chegar ao outro lado da estação.
através de grades altas
viu os trilhos transformados em leito de rio
e as margens lentamente se desfazendo em lama
acima, na colina
viu colunas fúnebres muito altas e coloridas
dispostas como num tabuleiro de xadrez
e não parou um só instante
de caminhar freneticamente pelo piso
que estreito
negava-se progressivamente aos passos.
Desceu e subiu por escadarias enferrujadas
sem tirar os olhos do outro lado
já não tinha bagagem
embora nas mãos descobrisse umas moedas
e nada, nada, nada que tentasse
lhe permitia atravessar
para onde sentia que deveria estar.
Quando a desorientação pareceu completa
e não era mais nada, nem peregrina nem poeta
pereceu para o pesadelo
e ingressou,
suspensa e triste
noutro dia.
noutro dia.
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