De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Em Manaus
Boca fétida da floresta.
Banguela boca que me sorri à espera
bafejando fumaça das queimadas e carros.
Volto para mirá-la melhor
Hipnotizada como a fera pelo caçador.
Ela me caça.
Manaus querida e praguejada:
flor de horror, sob o sol forjada
corpo sujo que me abraça
meu doce amor e desgraça.
domingo, 29 de novembro de 2009
Somos todos idiotas
sábado, 28 de novembro de 2009
Quando chega a hora...
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Novos novembros...
domingo, 15 de novembro de 2009
Cordas de aço, porque meus nervos são orgânicos mesmo...
Últimamente, no rádio da minha cabeça, o hit do momento é de Cartola.Atormentada, resolvi colocar a letra aqui, pra ver se me livro dela...
Cordas de aço
Ah, essas cordas de aço
Este minúsculo braço
Do violão que os dedos meus acariciam
Ah, este bojo perfeito
Que trago junto ao meu peito
Só você violão
Compreende porque perdi toda alegria
E no entanto meu pinho
Pode crer, eu adivinho
Aquela mulher
Até hoje está nos esperando...
Solte o teu som da madeira
Eu você e a companheira
Na madrugada iremos pra casa
Cantando...
sábado, 14 de novembro de 2009
MORTA VIVA
(Sim, Blenda tem razão, eu nasci no século XIX. Sou antiquada, me apaixono e morro. Escrevo poemas porque vivo dilemas intermináveis. Prova disso é o poema "Morta Viva":)
Há muitos métodos para matar uma pessoa.
O mais cruel é aquele que mata mantendo-a viva.
E é verdade, viver mata.
Revejo as cenas de meu fim.
Um tiro. Seco.
Uma garrafa de vinho, tinto
e o sangue, espesso, escorrendo.
Uma faca. Fria.
Uma dose de cachaça, quente.
e o sangue, espesso, escorrendo.
Overdose de tranqüilizante. Indolor.
Uma garrafa de gim, incolor.
e o sangue, espesso, parado junto ao cor.
Corte no punho. Trágico.
Garrafa de uísque, o Manifesto Antropofágico.
e o sangue, espesso, escorrendo.
Atirar-me em frente ao carro
Afogar-me no catarro
Destruir-me a sangue frio!
Uma corda no pescoço. Firme.
Uma desculpa qualquer para ir-me
Dessa dor dentro de mim!
Vejo os quadros todos prontos
Meus pontos, meus contrapontos
Todos tão sós, como eu:
a verter o sangue espesso
das artérias, me despeço
desse amor que não morreu...
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Mentiras perfeitas
Perfeição não é meu caso
eu sou mais pra imperfeita
me refazendo ao acaso
das dores que o peito aceita...
vou seguindo, entre olhares
que admiram sem mirar
as dores que, aos milhares
são motivos pra chorar
eu sei que as escondo bem
até pra mim já o fiz
e vivo esse personagem:
mulher, poeta, feliz...
sábado, 31 de outubro de 2009
má criação
Então dizia minha mãe: faz isso não!
Eu fazia...
Fingia não saber o quanto doeria
Quando ela ou o pai descobrissem o feito
E fazia de qualquer jeito.
Nunca, nada aconteceu.
Hoje diz a consciência
- Essa flor de indecência
plantada no campo do meu pensamento –
com voz aguda e tonta
me avisando de antemão:
Faz isso não!
Parecendo ansiar pelos tapas
Que um dia esperei receber
Ignoro os ecos que há em mim
Esqueço os horrores
Das dores maiores que aprendi a tecer
Malcriada
respondo a mim mesma
pra me enlouquecer:
faço sim!
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
encantamento
que nasce na fonte de tua boca
me joga num mar desejante
me desentoca.
É antes um rio que agrava
o cio danoso da minha palavra.
É lembrança e nostalgia
ânsia amara
e doce poesia.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Ave Roraima
Ave Roraima que canta
feito pássaro mítico.
No peito de quem se encanta
por seus líricos fascínios
correm rios, cores quentes
queimam lavrados ardentes
choram guaribas no cio.
Mesmo quem vem do asfalto
Do barulho e da poeira
Quando vê, é roraimeira
Pretoneuberliakin...
Ave Roraima que canta
Amor que chega e suplanta
Todos os males em mim!