Ele entra sorrateiro nesta sala de jantar
e assiste ao que faço
eu em minha contorção
fica em silêncio e eu não creio
que não tenha o que falar
é bem real mas bem parece uma alucinação.
Do outro lado do planeta pisca em verde imenso mapa
e é dali que espiaria toda minha exposição
será que um dia conheceu-me? deu-me beijo? deu-me tapa?
por que viria com frequência, dia sim, semana não?
Sua presença me intriga mas não posso ser direta
pois não tenho em mãos os meios de inquiri-lo de uma vez
virá só pelas palavras ou virá pela poeta?
o que busca, insanidade ou restos de lucidez?
Sempre que miro o painel, quando acesso esse espaço
vejo e ardem-me perguntas doloridas num soluço
quem me espia enquanto a lama destas palavras eu fuço?
acabemos com esse drama,
quem és tu, calado russo?
"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
sem açúcar
O moreninho quer me deixar louca:
me oferece a boca
a voz rouca
depois se entoca, se esconde, some...
ah homem... não tem mais graça!
Eu espero mas não regressa,
eu tenho pressa
e você nessa de me pregar peça,
de me fazer troça com essa cara mansa
e de me botar passa de correr atrás?
Sei, bem sei, fruta passa é mais doce
- mas não quero mais!
me oferece a boca
a voz rouca
depois se entoca, se esconde, some...
ah homem... não tem mais graça!
Eu espero mas não regressa,
eu tenho pressa
e você nessa de me pregar peça,
de me fazer troça com essa cara mansa
e de me botar passa de correr atrás?
Sei, bem sei, fruta passa é mais doce
- mas não quero mais!
quinta-feira, 19 de maio de 2011
domingo, 15 de maio de 2011
re caída
Hoje chove. Um dia o vi sorrindo e parecia hoje. Sorri também, meio pelo leve do coração, meio pela erva. Era rosa aquele ócio em que caímos. Você, todo lobo, enredou-me num lençol já gasto e fui teu pasto mais uma vez. Nem me lembro como terminou aquela noite.
Hoje chove. Um dia o vi chorando e parecia hoje. Chorei também, meio por vergonha, meio por culpa. Era amarela a vergonha, você disse. Eu, toda Alice, queria mais era um abraço, sentir teu laço de perdão que ainda arde. Nem me lembro como terminou aquela tarde...
Hoje chove. Um dia, eu o quis, tu me quisestes, foi delírio aquele dia, e parecia hoje. Depois corremos nos dias repetidos. Solidão morta por dois no exílio: o vinho era a saliva e parecia hoje. A vida era tão viva, e parecia hoje...
Hoje chove e não encontro o porto. Tento em vão preencher nosso quarto com meu corpo, mas grita-me a vida, ardida, dividida.
Hoje choro,
porque chove
e você é morto.
Hoje chove. Um dia o vi chorando e parecia hoje. Chorei também, meio por vergonha, meio por culpa. Era amarela a vergonha, você disse. Eu, toda Alice, queria mais era um abraço, sentir teu laço de perdão que ainda arde. Nem me lembro como terminou aquela tarde...
Hoje chove. Um dia, eu o quis, tu me quisestes, foi delírio aquele dia, e parecia hoje. Depois corremos nos dias repetidos. Solidão morta por dois no exílio: o vinho era a saliva e parecia hoje. A vida era tão viva, e parecia hoje...
Hoje chove e não encontro o porto. Tento em vão preencher nosso quarto com meu corpo, mas grita-me a vida, ardida, dividida.
Hoje choro,
porque chove
e você é morto.
quinta-feira, 12 de maio de 2011
pra renascer
ainda que o dia nasça
sem me pedir permissão
ainda que a vida siga
sem sentido nem perdão
ainda que você não venha
ainda que essa chuva caia
ainda que razão não tenha
a cor com que o sol se ponha
querer eu quero esse braço
seu abraço sem paixão
que a minha parte eu faço:
dinamite e explosão
- nos escombros eu renasço.
sem me pedir permissão
ainda que a vida siga
sem sentido nem perdão
ainda que você não venha
ainda que essa chuva caia
ainda que razão não tenha
a cor com que o sol se ponha
querer eu quero esse braço
seu abraço sem paixão
que a minha parte eu faço:
dinamite e explosão
- nos escombros eu renasço.
sábado, 7 de maio de 2011
dia das mães
vocês vieram
em bando
e eu fui sem querer
Quando percebi
ato após ato
já éramos quatro.
Surpreendida, ainda
eu até acho a vida mais linda
não é que eu também sou mãe?
Pensar que a culpa toda é de vocês
que vieram em bando
e eu fui.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Pescaria*
Pareço perdendo
prazeres pensados na penumbra.
Espreitam-me, expandem-se
constelações
e braços.
prazeres pensados na penumbra.
Espreitam-me, expandem-se
constelações
e braços.
* num rio-poema de Agnaldo Martins
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Che Guevara,
latina auto-estima
tsunami, terremoto,
rei do terrorismo morto
greve paraliza o porto
tiroteio na escola...
coca-cola.
Rock in roll, samba, rap,
Funk, punk, Jesus Cristo
futebol,
crack e bola...
coca-cola.
Sangue e asfalto, corre!
negro nas vias, nas veias
Artérias cheias
de coca-cola.
Nós e o mundo?
No fundo,
gás, sabor
e desconhecido conteúdo...
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