"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



domingo, 28 de março de 2010

enluarquecendo

Miro-a distante e cheia
implodo
num tsunami
as ondas transbordam
por meus olhos

o aquecimento é global
pele e carne e osso
a noite é quente

ardente a lembrança
dos meninos
em carne verde
esperando que vida
lhes valha.

valei-me Deus!!!
Essa navalha
espelhada em mais uma lua
a dor trabalha
e a louca em mim se insinua.

terça-feira, 23 de março de 2010

puts!!!!!!!

Peço perdão por minha falta de senso.
às vezes ainda penso que o blog é algo só meu, e esqueço que, mesmo quando as pessoas não comentam, elas passam por aqui, e lêem o que escrevo...
é estranho pra mim
e Edgar, nosso articulador cultural mor, me deu uma bronca muito merecida:
como é que eu não fiz nenhuma referência ao evento ocorrido no sábado, dia 13, pelo Coletivo Arteliteratura Caimbé na Praça das Águas?
Não tem perdão.
O evento foi poesia pura, e eu estava lá, criando coragem pra apresentar um pouco do que faço, assim como outros artistas polivalentes, valentes pra fazer arte nesse rincão perdido.
Quem não foi, perdeu, por certo.
Quem foi está com saudade, vontade de mais momentos como esse, de troca e exibição.
Parabéns ao coletivo e à Roraima, onde flores renascem a cada estação,
sintamos o cheiro no ar.

sexta-feira, 19 de março de 2010

ouvindo um ruído rosa

nostalgia
noite de sexta
dor extra
lembro a existência das costas
de versos e outros lados
da história

ah, quanta falta pode fazer
uma falta de memória...

e no computador
uma voz doce me diz
"que o amor é estranho
que o amor não quer saber..."

quarta-feira, 17 de março de 2010

domingo, 14 de março de 2010

Dia da poesia...

e lá poesia tem dia?
não deveria
ser toda hora da existência
a hora de celebrar
aquilo que nos toca
feito corda vibrando em violino
feito velho sentindo-se menino
feito fome de broca?

eu já sei discernir com alegria
a palavra gravrada em papel
do sentido cravado a cinzel
em meu peito, pela poesia.

Poesia é mais que palavra
é a lavra de Deus em meu peito
o partilhar satisfeito
da existência de amigos e irmãos.
é desejo e força e guarida
poesia é a própria vida
modelada pelas nossas mãos.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia Internacional da mulher... e daí?

Sim. Vieram me dar os parabéns hoje.

É um chavão dizer que mulher aguenta mais a dor e o esforço do que o homem, que é capaz de fazer mil coisas ao mesmo tempo, bla bla bla bla.
Em geral, as mensagens do oito de março nos lembram como somos superiores cumprindo diversas jornadas de trabalho, cuidando de casa, carreira, filhos, aprimoramento profissional, e ainda aguentando aquele chato no supermercado ou aquela vendedora impertinente com um sorriso no rosto e um salto nos pés.

Ora, façam-me o favor, onde estão os motivos de celebração?

O fato é que não escolhi ser mulher. Nasci assim, pronto. O que isso tem de mais?
Tenho pra mim que é o puro machismo quem enleva as mulheres, colocando-as como heroínas. Assim, assumimos o papel enquanto os machos da espécie levam um sábado inteiro pra lavar o carro. Assumimos o papel quando eles descansam em frente à tv. Eu não quero ser heroína nem dar conta de mil coisas ao mesmo tempo. Eu quero mesmo é passar o sábado inteiro fazendo algo que me dê prazer. Eu quero mesmo é descansar em frente à tv, ora bolas!

Sei da importância histórica que esse dia possui na sociedade ocidental, em que a mulher sempre foi tratada como ser humano de segunda categoria. Gregos famosos até questionaram a humanidade feminina. Mesmo assim, não concordo com o que esse dia se tornou.

Não quero que me parabenizem por ser mulher, coisa que eu não fiz nada pra ser.
Quero receber abraços e beijos todos os dias, não somente no oito de março,
quero que me digam da admiração que sentem por mim sempre que eu der motivos,
quero que me valorizem pelo grande ser humano que eu sou, independente do meu gênero.
E luto todos os dias para não cair nessa armadilha de acreditar que sou uma SUPER MULHER. Me contento em ser uma pessoa legal e superar os estereótipos que traçaram para mim somente por que nasci de um jeito e não de outro.
Ponto final.

domingo, 7 de março de 2010

Desejo


Há algo de poético
Em contemplar vísceras?
Algo de perscrutar-se a vida
Que ávida, dali se pôs ausente?

Há algo de poético em escolher palavras
Quando a boca cala
O que o olhar insinua
E a alma sente?

Há algo de poético em dissimular
Lembrar e esquecer
O limite que, seguro,
Se quer exceder?

Respiro e tremo.
De alma mais que de corpo.
Não há resposta, temo,
Para o que não se inquire,
Para o que nasce morto.

Estou certa de que há poesia em se viver.
No que se nota, ouve, sente e vê.
Há algo de poético,
sobretudo no poder de imaginar
Sob o desejo que corta a pele feito faca
O ter
O outro ser.