"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Diverso universo, prosa em verso

Aqui mais dois poemas da série "muito prazer", que abre o livro.

ESTA

Esta sou eu
que bate e rebate
que berra.

Esta sou eu
que sangra ao vivo
pelos vivos
e não-vivos.

Esta sou eu.
Distanciada de mim, observo
e demonstro
O monstro.

FALSIDADE

Eu sou do tipo que fala
Exploro com os olhos
me exibo e convenço
de que sou insuperável.

Eu sou do tipo que chega
faz piada, se apresenta
deixo os outros
tontos de desejo
ao dizer que sonho
com um beijo...

Eu sou do tipo que é cheio
de convicções vazias
e palavras soltas.
Todos, todos mesmo,
(menos eu)
me amam de verdade.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

diverso universo, prosa em verso

Publicado em 2005, o livro contém poemas de uma safra antiga... a primeira parte, "muito prazer", é de fato uma apresentação e tem quatro poemas. O primeiro é

MINHA POESIA
Minha poesia carrega em si
uma cor que às vezes
nem minh'alma contém:
um vermelho derramado de paixão.
Minha poesia, como o núcleo de uma estrela
é puro fogo
onde queimo as bruxas
que me atordoam
e incinero os lençóis
dos fantasmas que tiram
meu sono
é de onde tiro o calor
pras minhas noites solitárias.

Minha poesia é assim:
eu e mais eu
trasnbordando de mim.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Convulsão

Heis que desperta sob meus olhos atônitos
donde tira tanta força, esse cavalo?
Se debate, quer sair, ter vontade!
Ele me olha, olhos injetados de raiva
regurgita sobre mim um resto de sua última refeição.

- Corre, o amor acordou!
Tocam sirenes de alerta, quase um coração parado
busco o aparato de defesa - enfermeira!
E no meio desse espasmo
o sedamos com uma dose redobrada de distância e silêncio.

Observo-o
flores roxas nos braços e pernas,
louco controlado,
atado à cama estéril.

sinto arder na pele dolorida
o olhar amarelo com que me feriu.
Doente, segue a vida.