"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Para minhas mães

Rebeca, menina
sapeca, boneca, moleca
seriam só rimas...
ela é um tom acima.

Helena é um poema à pena
como pode, tão serena
ser terrena?

E Clarisse,
essa que tão cedo
um não me disse,
me ensinando
que a sandice de mãe ser
não seria só doce...

Sobre acertos e enganos
o tempo nos vigia feito um monge
há vinte anos.
E a cada dia elas são
a história mais bonita
por nós escrita e reescrita
a tantas mãos.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

as passarinhas

 imagem de Weslei disponível em http://olhares.uol.com.br/tres_passarinhos_cantando_musicas_doces_foto2863838.html

tão magrinhas
inteligentezinhas
caladinhas
companheirinhas
e alegrinhas
destruindo
meus desenganos
elas passam
 - as passarinhas -
há vinte anos...

sábado, 27 de agosto de 2011

exangue

imagem: http://fottus.com/lugares/marte-o-planeta-vermelho/

acordo rio
vertendo-me líquida.
O sábado e o sol
não fazem sentido
a não ser por comporem
com o vermelho que me jorra da boca
a estopa que me estanca.
acordo rio
e nada me encanta.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

ilusória

EU,
luz de constelações inteiras
diante de um universo ofuscado.
Tudo em mim exacerba e brilha,
e em mais nada
tal maravilha transparece.
Ser melhor
é o bom mal de que meu ser padece.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ardilosa

queima em mim um verão ameno
e há menos espaço e sonho
no que sou
tudo é pequeno!

no outro
tudo exacerba e brilha
no outro a maravilha transparece
enquanto, ardilosa,
ela me aquece...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

domingo, 21 de agosto de 2011

Seca

em silêncio
não olhou em volta
não tocou nos móveis
nem sorriu

não deixaria
palavra
atenção ou sorriso
não doaria
nada de si

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

insana

por ela ama-se
o amargo
e o ácido
o sal e o mel
por ela engulo
até o insípido
e o resíduo no papel...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

furiosa

pêlos, pés
saliva suave
abraços, cicios...
bocas e seios,
explodem a pele
com curtos pavios.

sábado, 13 de agosto de 2011

sorrateira

quebrando o silêncio
ela sussurra
assobia
me assiste e me açoita.
poderia sentir serenamente
sua presença
mas deixo disso...


a preguiça
sossobra cada osso
embebendo-me
em puro ócio.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Cedo ou tarde
o dia cai com tudo.
Como curar o olhar mudo,
o corpo amuado,
essa ressaca?

Desta feita
não terei medo da antiga receita
e com a água dessa chuva
lavo minha neurose:
 - ei rapaz,
traz mais uma dose?

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

ok
queria mesmo escrever pra você
um verso sem dor nem porquê
uma carta de recomendação,
manual de instrução pra o que eu viesse a ser
se ao lado seu houvesse
um lugar pra paz.

Distância não me apraz, rapaz...
e então é isso:
não espero mais.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Não

você, é certo, não sabe

da máscara que me cabe,
se quero viver a vida
ou desejo que se acabe...

não sabe um verso, não dança
e quando canta, é mal
da missa não sabe um terço
como pode ser meu sal?

nunca enfrentastes o lago
sob a fúria da ressaca
de mim, o que saberia
além da cor da casaca?

não se desmancha em carinho
nem sabe um conto de horror...
então é definitivo:
você não sabe o caminho,
não tem a senha de cor!

domingo, 7 de agosto de 2011

quando amanheço enluarada
a claridade refletida no espelho
me cega
então, 
tateio em vão as horas quentes
do dia
absorta num oceano de sensações desencontradas.

e me surpreendo
pois nesses dias obscuros
do lado de fora
o que se vê
é só brilho.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Disponível em http://ultradownloads.uol.com.br/papel-de-parede/Briga-de-Aves/

Em uma esquina de mim
se encontraram duas inimigas.

Tentei,  em vão, não ouvir sua briga
mas a violência das duas
 - que findaram toscas e nuas - 
me assombrou sobremaneira
         a noite inteira!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

meu drão...

é, Erasmo...
desde eras remotas,
há sóis erramos!
aramos o campo
matamos a hera
cultivamos amor árido
arautos de dor e caos.
nem hereges, nem heróis
éramos nós
e noz.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

sem choro nem vela

amadureça amara amora
não me venha agora!
não cabe o mar...

(moer o coração
espalhar-se  láctea
em miríade
de pedaços.)