"Eu ando sozinha
por cima de pedras.
Mas a flor é minha."
Cecília Meireles
I
quando teus olhos
se afogam em meu corpo
cada poro meu vira porto,
o tempo perde o poder
e eu simplesmente anseio
em meu seio, para sempre,
te ancorar, te suster.
isso é amar, creio eu,
encontrar um sentido
e ser.
II
tua presença espelhada,
espalhada em horas de bem estar
me faz alçar voo sem sair do chão
e o clichê só comprova
que a eterna "doce ilusão"
em mim se renova.
III
urgência sentida no agora:
do poeta, ter e querer,
da voz, o timbre
da pele, a textura
e do texto, a ternura...
é e será minha meta
no gozo da hora mais pura
agir feito esteta
que, do mundo, ignora a loucura
e por isso se empodera
e se cura.
IV
esse poema é sobre
o que me encanta e descobre
e o que eu sigo, peito aberto,
acolhendo sem temor
pois que o horizonte é incerto
e "meu peito é puro deserto"
se não está cheio de amor.
* Para Bandeira e Cecília Meireles (na foto) e todos os demais poetas modernos que me ensinaram a não ter medo do amor, a vivê-lo com urgência e alegria, mesmo diante de sua infalível falibilidade...