"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Impotência
"12 years a Slave", dirigido por Steve McQueen
quando o chicote
lambeu a pele da negra
e trovejou grito
choveu sangue
e lágrima
eu
em torpor infinito
só pude sentir vergonha
de ter nascido.
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Seca
rápido, mas sem pressa
desliza feito rio
sua mão sobre o vazio
esgota os lamentos
carrega as sombras do fracasso
e as toras de mal querer
inunda
agradecida
fendida e seca
a pele terra
vai te sorver
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Continho besta e sem razão
Depois de um trago pra Jah
Esperança não criou asas,
desesperou,
desceu correndo as escadas
tropeçando nas palavras
gritadas
amarrotadas
por tanto, tanto tempo guardadas.
Cuidadosa e calmamente
já tinha guardado em si
trinta e dois Norpramin,
vinte e três Cipramil
mais um copo de açaí.
Me lembro bem de Esperança
porque ela foi a primeira
que vi morrer, em criança,
no antigo Jardim Palmeira.
sábado, 15 de fevereiro de 2014
Banco de reserva
Quisera eu compor um poema
que falasse da minha incompreensão
diante do baile das luzes
que vêm e vão.
Quisera mostrar-me estupefata
diante do sol que me abandona
e da noite que me cobre exata.
Quisera eu escrever um poema
para exprimir esse luar
casado com tamanha solidão
mas a carne maturada me diz não!
E por baixo do sal
um velho peregrino
vem cantando um hino
que louva, disperso,
no amontoado do verso,
o Foda-se Futebol Club.
que falasse da minha incompreensão
diante do baile das luzes
que vêm e vão.
Quisera mostrar-me estupefata
diante do sol que me abandona
e da noite que me cobre exata.
Quisera eu escrever um poema
para exprimir esse luar
casado com tamanha solidão
mas a carne maturada me diz não!
E por baixo do sal
um velho peregrino
vem cantando um hino
que louva, disperso,
no amontoado do verso,
o Foda-se Futebol Club.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
sábado, 8 de fevereiro de 2014
Coração verde
o sol veio de mansinho
sem violências nem raivas
e eu fui cursando o trilho
de um dia sem palavras
tudo tão distante e frio
tudo freio
e a vida à milhas
hoje eu passei o dia
regando a face com sal
olhando pros passarinhos
e achando tudo banal
eu sei que haverá um dia
que será só para isso,
pra de tudo se esquecer...
mas quando o sol já se ia
pro outro lado do mundo
hoje eu desejei profundo
esse dia de não ser!
sem violências nem raivas
e eu fui cursando o trilho
de um dia sem palavras
tudo tão distante e frio
tudo freio
e a vida à milhas
hoje eu passei o dia
regando a face com sal
olhando pros passarinhos
e achando tudo banal
eu sei que haverá um dia
que será só para isso,
pra de tudo se esquecer...
mas quando o sol já se ia
pro outro lado do mundo
hoje eu desejei profundo
esse dia de não ser!
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
O diabo do meu pai
O diabo do meu pai aparecia num redemoinho.
O diabo do meu pai adorava confusão:
gostava de se meter entre
irmãos que brigam,
amigos que brigam, casais que brigam.
O diabo do meu pai era corajoso demais
e seus seguidores
eram heróis.
O diabo do meu pai adorava beber,
fosse sangue,
fosse álcool,
ou os dois.
O diabo do meu pai era ladrão.
O diabo do meu pai roubava na escola.
O diabo do meu pai às vezes se fazia de bom,
ia orgulhoso à Igreja:
o diabo do meu pai era soberbo.
O diabo do meu pai era preguiçoso.
O diabo do meu pai não tinha data.
Foi num fevereiro que ele morreu...
E eu sinto uma saudade do
diabo
ao lembrar das histórias de diabo
do meu pai.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Adubando a vida
Louca
faz um escarcéu
me julga e me joga
na vala comum das ações
dos chegados seus.
Sem motivos me condena
na ignorância incontida...
enquanto observo, serena,
a ironia dessa vida:
o céu, que carrega no nome,
não disfarça seu rastro de estrume.
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