"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



sexta-feira, 20 de junho de 2014

Novas bandeiras

Totalmente tato
atrela a atleta à turista
com força corre e viaja
trem!

Então atarefa-se de afagar trilhos
traduz peles
trafega céus que não são seus
transpõe as fronteiras do sentido.

Atrevida,
sem olhos nem ouvidos,
entoca-se,
toca-se.

Quando tarda
e se termina
fugaz e felina
a fêmea autofágica
já não se agita:
espalha-se no ar
em essência,
feminina,
e tremula suave sob o sopro das ruas
feito flâmula.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Banquete

Glutonaria:
e foi saliva
a iguaria.

Autofagia: nossa carne,
e o desejo se sacia.

Madrugada
sem dor ou planos
nos servimos

e devoro-te
e devoras-me:
em detalhes nos deciframos.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Suspeitas*

Eu, por mim. 




















Meu eu sujo
não rejeito:
é trajeto desajustado
é jogo imperfeito.

Meu eu de mim sujo
é fruto do mundo
introjetado
em meu peito.

Não me parece abjeto
ser objeto
e eu suspeito
que tanta face
e tanto,
e mais,
é o que me apraz.

Entretanto
algo me espeta:
poderia o limbo
do eu dejeto
doado na poesia gorjeta
- ainda que lindo-
ser lido como o eu sujeito?

*poema inspirado na defesa da dissertação de Antônio Hilário, que analisou, entre outros "sujeitos", a mim. 

terça-feira, 10 de junho de 2014

Madonas*

Madonas - Elimacuxi - maio/2014

















Ave Madona ribeirinha
filhote no seio pendurado
sob a proteção de seu seio e sombrinha!

Ave seu leite amazônico
seiva de vida que serve ao acaso
filhos que brotam de buchos vazios.

Ave mães d'água em sua face soturna
Ave Marias cheias de mágoa
sob o sol de Tefé na travessia diurna.

Ave Madona ribeirinha
escura pele que alimenta os brutos
ventre expropriado em que se cozinha
a 'mãe pátria' e seus benditos frutos.


*a todas nós, expropriadas pela 'pátria mãe' de nossos corpos e frutos.