"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



terça-feira, 10 de abril de 2012

Poema para Roberto ou Da contra-indicação do amor líquido

ah como desce mal esse gole
antes queimasse feito cachaça
antes doesse feito pedaço
grande demais
mas não.

como desaprender
e se desprender
desses séculos de amor
que nos envolvem?

por ora o amor des-envolve-se
e as novas formas
parecem devolver a tudo
o acordo frio
calculado
seco
de muito outrora.

antigos
eu e você gostamos da queda
do soco no estômago
do susto que é amar
solidamente
e do risco de dar
de cara na pedra
do gesto repetido
na ponta da faca.

para nós não se indica
o amor líquido, não:
é certeza de mais ressaca
e menos alucinação...

4 comentários:

Edgar Borges disse...

Quem não bebe, nunca saberá como é bom chorar. Ou vice-versa, sei lá.

Devair Fiorotti disse...

Belo poema, Especial Mulher. Confesso que tenho evitado amor líquido e até vida líquida kkkk Mas um porre de vez enquanto é bom....

Elimacuxi disse...

O amor líquido a que me refiro aqui é o mesmo de que trata o Bauman em um livro que adoro:"Amor líquido, sobre a fragilidade dos laços humanos". Tem resenha no site http://www.institutohypnos.org.br/?page_id=3567

A Casca da Cigarra disse...

Me afogo...e lembro de teu me afogas quando me falas.