"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Atua-se

Nunca foi segredo
Se quiseres
Faço o tipo:
Soy candela,
ou cadela,
ferrada de tucandeira,
toca,
trevo de quatro-folhas,
trava-língua,
tour na Tailândia,
tramela enferrujada,
trejeito torpe,
trança, treva, torta, arte,
teco que te agite
ponta que te dome
rede que te embala
tua insânia ou tua paz.

Bote rapaz
O que te toca
O que te invoca
E a gente faz.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Atenda-se


pode se expor
a carne tocada, macerada, amolecida pelo sol
o mesmo sol que se põe em festa,
explodindo o céu em tons de manga madura
e vai recompor
o azul profundo do dia e preparar a noite
pintando verdes e lilazes
verdes e lilazes que você 
e suas palavras
não serão capazes
de retratar. 

é porque não cabe na poesia 
isso que te escorre por entre as fendas
esse espalhar do doce que te preenche
espesso e viscoso manchando a calçada
não cabe você madura, quase decomposta
você aminoácida, você enzimática
orgânica disposta em tiras de si, 
esses instantes-armadilha de paz 
versos em forma de tempo que tapeia as dores 
e te integra plena ao universo.

porque não é traduzível o que te vem agora,
contém o desejo de organizar palavras
brincando de deus com sua verve e lavra...
- e ainda que não sirva para hoje
lembra quando estiver perdida - 
a poesia é anzol pra te fisgar pra feliz idade da vida.