"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sereia. disponível em http://www.simplonpc.co.uk/Con​stellation2007_Copenhagen/Merm​aid_070816-178_b.jpg

calma
em cada poro ela canta
a canção de um só intento:
todo o corpo e sentimento
do menino que a observa,
sem ressalva
nem reserva.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Julho, 22

'Visão do paraíso'. 
Cidade Universitária, julho/2011. Foto de Elimacuxi.

Antes voasse
mas vou à deriva
nesse mar.
Confundido entre folhas e falhas
o coração trabalha.

Amuada
volto, passo a passo,
a equilibrar o corpo
sobre a murada de hera.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

vôo livre

Já se forma o temporal
além, no entre do coração
maravilhado pela incidência
e estranhamento dessa nova e
solidária reminiscência.

Antes, porém, em
nada o re-sentia
dele apenas lembrança parca
roçava a pele
e outros desejos espraiavam-se lentos.

A vida real é
gozada com desprezo
universal,
ícones dispersos,
rancores,
raivas
e eu.

Feito folha seca, alcei meus vôos.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

desorientação

Seria apenas saudade?
maldade das coincidências
um perfume invadiu o quarto
trazendo passado remoto
e enchendo-o de reticências...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

para Chesca

E se eu fizesse um poema
com as palavras de ti roubadas?
seriam os versos macios
feito tua pele enevada,
seria feito o teu peito
cada estrofe ritmada...

E se em vez das palavras
outra coisa eu roubasse
e teus lábios eu calasse
com outro furto sincero?
ah menina doce da pele enevada
antes fosse o que ainda quero!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Da paixão na metrópole


Febre intermitente
Espasmos abdominais
Peito apertado
Pernas que não obedecem.
Entre buscar o doutor ou o garçom
Teve um último momento de loucura
Foi assim que terminou
na própria poça de sangue
sem dor nem amor
nem nada.

terça-feira, 5 de julho de 2011

meu fanatismo religioso

Odeio contratos, prefiro as dores
odeio amores de contadores
amores descrentes, burocráticos, organizados
amores de ligue não que eu também não ligo
"amores de amigo".

Será que é o mundo mesmo assim?
Ninguém mais a fim de ir ao fundo
afogados no imenso e imundo a-mar,
fugitivos do profundo da paixão?

Faz-me falta a loucura barata de pó sem pó
paixão que afaga e afoga a dúvida
paixão-crença em si, espelhado no outro,
paixão-poder de dar nó no destino.
Onde agora o encher-se de ser, o ser grande e conter o mundo:
velho-menino, santa-meretriz?
Fanática, nunca me farto da paixão-fé de criar começos
acreditando piamente em final feliz.

sábado, 2 de julho de 2011


Mulher com pandeiro - Óleo sobre tela. Marcio Camargo (www.marciocamargo.com.br)

Quando me apaixono
esse ar de abandono me toma a cara
cão sem dono, fala amara,
não tenho mais sono
não quero comida.

O desejo
me escancara pra vida.