"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Envelhecidas

Inge Löök Oy Ab (https://www.ingelook.com/)

Amor, saudade, carinho, amizade...

Eu sei,

sou uma pessoa de palavras velhas.

Durante o dia

desavergonhadamente as uso e reuso

do jeito que são: puídas, rotas, remendadas.

À noite, me aquece uma colcha de retalhos

de versos velhos e verbos gastos. 

Sonho festas com essas partículas amorosas

sobre as quais me deito:

um leito de seixos rolados, firmes e sem arestas 

que me calçam a vida e a mente imodesta.

Mas sem elas, sinto, não tem valido quebrar silêncios. 

Sem essas palavras velhas, cansadas e fora de moda

o que penso e digo não daria uma cantiga de roda

e por certo a poesia já não me habitaria.