"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



quarta-feira, 29 de agosto de 2012

o som do anseio

quando toca
a lira do meu desejo
delira em mim o delito
soa selvagem meu grito
em gesto ardente e sem pejo

quando ele vibra
cada fibra do que sou se estira
o sol atira seus raios
nos medos
e segredos vários
expiram

quando soam
essas notas infernais
os meus poros invadidos
são esgotos de gemidos
engastados no azul da madrugada

se ele soa eu silencio
e mais nada.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

então, quando tudo parece
simplesmente girar pro lado certo
essa sombra vem e abate o menino
instala em nós um silêncio comovido
pela consciência de que a despedida é,
para todos,
o derradeiro destino.


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

esse querer é um turvar das vistas,
um desvario sem variedade
é um olhar-se n'águas turvas
sem ver o espelho

é cometer o erro velho
de encantar-se
e o vício de se jogar
no mesmo antigo precipício.

para mim
é um elevado ato de egoísmo
porque é preciso
ser narciso
para amar.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Maior


Amar o amor é meu jeito de sentir a eternidade
Por isso, amiga querida, esqueça a idade
quando eu, velhinha, chorar por amor
e não me lembre que estou démodé...

Minha vida inteira foi essa ilusão
correr e jogar tudo pelo chão
em troca de companhia sincera e desapressada.

Desmanchada em carinho, sexo, beijo, saliva
suor, cansaço, abraço, mão
busco, enquanto viva
um tempo de conforto para o destemperado coração.

Não tem problema,
é esse o tema de minha existência,
serei assim, e mesmo velha,
permanecerei em busca da primeva centelha
capaz de amar e reamar e mais amar
até que os dias pareçam insanos
e no fim
se o amor provocar em mim maiores danos
vou sofrer dores atrozes e fatais
me afogar em ais e ais
até que o tempo passe e apague tudo
que os olhos vertam litros
que lavem a alma e levem a dor.

Eu ficarei, de novo, à cata
de olhos, pensamentos, palavras
mãos e poros ávidos
de novos dias de poesia e gozo.
E morrerei feliz se ainda estiver esperando
com alegria e saudade
a visita do companheiro ideal
quem me dá sentido 
e mantém meu pensamento renovado
aquele que sempre foi o verdadeiro
e único amado:
o maior, 
o amor.

*poema que escrevi em 2008, para Blenda. Serve hoje ao Roberto Mibielli, por ter cometido seu "Autoajuda".