"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



domingo, 18 de fevereiro de 2018

Eu, humano

disponível em http://www.soues.com.br/plus/modulos/agenda/ver.php?id=192&categoria=5

Eu sou, pois sei que sou e não sou
quarta, domingo e segunda
joelho e bunda, cara e mão
digo sim e digo não
gosto e não gosto de chuva
sou adulto e sou criança
não me encaixo feito luva
cheio de mim e de insegurança
existência
complexa
como o que é simplório
muito sorrio e choro
vivo e versejo sem pejo
morte e vida
benefício e dano
Eu sou,
pois sei que sou
e não sou
sapiens
e
humano.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018


Chorei uma bacia inteira
o branco, o cotingo, o maú
o miang, o cachorro, o alalaú
me enchi.

o ar que me invadiu se agitou,
primaverou e sem nuvem
sol tocou-me todo o corpo,
se entremeou vagaroso
me aqueceu fazendo cor
e decretou poderoso
 - tão cedo, de mim, não sai.

e pra quem me ouviu chorar
só vim aqui avisar
tô em tempo de secar
eu tô feliz bagarai! 

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Do meu anacronismo amoroso*


"Eu ando sozinha
por cima de pedras.
Mas a flor é minha."  
Cecília Meireles

quando teus olhos 
se afogam em meu corpo 
cada poro meu vira porto, 
o tempo perde o poder
e eu simplesmente anseio 
em meu seio, para sempre,
te ancorar, te suster.
isso é amar, creio eu,
encontrar um sentido 
e ser.

II
tua presença espelhada, 
espalhada em horas de bem estar
me faz alçar voo sem sair do chão
e o clichê só comprova 
que a eterna "doce ilusão"
em mim se renova.

III
urgência sentida no agora: 
do poeta, ter e querer,
da voz, o timbre 
da pele, a textura 
do hálito, o cheiro 
e do texto, a ternura...

é e será minha meta
no gozo da hora mais pura
agir feito esteta 
que, do mundo, ignora a loucura
e por isso se empodera 
e se cura. 

IV
esse poema é sobre 
o que me encanta e descobre
e o que eu sigo, peito aberto,
acolhendo sem temor
pois que o horizonte é incerto 
e "meu peito é puro deserto"
se não está cheio de amor.

* Para Bandeira e Cecília Meireles (na foto) e todos os demais poetas modernos que me ensinaram a não ter medo do amor, a vivê-lo com urgência e alegria, mesmo diante de sua infalível falibilidade...