Observo-o como a um filho
o corpo em si não é problema,
o corpo é um corpo feminino
que vive seus ciclos e tem
cabeça, tronco, membros,
sistemas, órgãos, ossos cobertos
de carne e pele,
na superfície,
unhas encravadas e cravos nas costas,
pelos e cabelos,
áreas úmidas,
oleosas,
ressequidas...
sim, um corpo normal
com quarenta e três anos de uso
por vezes comedido, por vezes irracional
um corpo apenas
veículo e única materialização possível do que sou
sujeito à minha colonização
meu planeta pessoal
meu corpo.
E, humana no limite,
desprezo-o
não tomo consciência completa dele,
não sinto suas dores, não me compadeço de seu cansaço
não observo nem respeito quando tudo de que ele necessita
é do meu abraço
do meu cuidado
do meu carinho
minha atenção.
Ah, corpo meu,
perdoa deixar-te tão sozinho
e ir voar entre tarefas inúteis?
Desajeitada e tosca
proponho uma trégua na guerra que me declaras
na esperança de uma singela, talvez frágil
mas sincera
reconciliação.
"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.
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