"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



domingo, 13 de março de 2011

13 de março*

Eu nunca esqueço desse dia:
a pequena aniversaria!
Ela, gigante sobre a mesa,
aplicando provas de destreza em língua portuguesa.

Em dias comuns
nos acariciava com sua língua de professora
carícias que valiam por minuciosa tortura...
e comparava Cazuza a Florbela
Russo a Drummond e Camões
e com essas estratégias surdas
espancava até a morte
minhas pretensões de desistir.

Foi ela
nos limites sufocantes da sala de aula periférica
quem um dia
me impediu de namorar à beira
e me jogou no abismo
infinito azul
da poesia.

e condenou-me à doce lavra
incontrolável vício
de burilar palavra.

* à Tomiko Oishi, eterna professora de língua portuguesa, onde quer que esteja...

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