"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



domingo, 10 de junho de 2018

Caravaggio: São Jerônimo escrevendo, 1606, 112x157 cm, Galeria Borghese, Itália

nos últimos tempos tenho ouvido uma porção de estetas.
um poeta que me diz que poetas não falam do que é ser poeta,
outro que julga o cânone e, para dele se afastar,
acaba perpetuando-o, por ora como modelo a se evitar
outro, que sem pudor, brada que amor não é tema de que se trate
e aquele que, na entrelinha de sua fala
julga que poeta mesmo é aquele que se cala
aquele que, antes que a vida lhe arrebate, se mate.

fecho-me emimesmada em meu quarto
vaidosa de mim e dos meus defeitos todos
livre e orgulhosa de sê-lo
divagando sobre tantas regras que não quero
outras com que converso
outras que não aceito,
deixo o julgamento pros juízes
e espalho-me feito lama nesse espaço
que é frágil e cheio de deslizes
que não busca nem dispensa
café ou fama
que é construto do amor que vivo
na sala
na rua
muitas vezes na cama.

nos últimos tempos tenho ouvido uma porção de estetas
e para minha imprecisa verve de poeta
penso que eu não preciso
pois que espelho-me em mim 
e só me escrevo
(não porque a mim eu dedique enorme apreço
mas porque construo um possível lago de narciso
e me banho
nos versos que entreteço).


*a maior obra que você será capaz de construir é a si mesmo. 


4 comentários:

Aldenor Pimentel disse...

Que coisa gostosa é essa sua poesia que faz a menina dos nossos olhos sorrir e dançar!

herika disse...

Ó como e quanto expressa essa poetisa.
Se tornou a mim um Grisa.
Faz o ser humano desabrochar
De maneira normal, natural, real.
Narcisismo é preciso para se auto amar.

Ingrid Esteves disse...

Eu simplesmente Amei ! Que siga fluindo poeta simplesmente no jeito Eli Macuxi de ser , sem regras, pelo avesso, intensa,alma que se desmancha, se desnuda, se rebela, se indigna, se encoraja, se doa ao amor que transversaliza formas pre-definidas, se lança onde pulsa os afetos.😘😘😘

Liv disse...

Amo a sua poesia. E quem disse que você é do tipo que liga pras regras? :)