"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



sábado, 14 de novembro de 2009

MORTA VIVA

(Sim, Blenda tem razão, eu nasci no século XIX. Sou antiquada, me apaixono e morro. Escrevo poemas porque vivo dilemas intermináveis. Prova disso é o poema "Morta Viva":)


Há muitos métodos para matar uma pessoa.

O mais cruel é aquele que mata mantendo-a viva.

E é verdade, viver mata.

Revejo as cenas de meu fim.

Um tiro. Seco.

Uma garrafa de vinho, tinto

e o sangue, espesso, escorrendo.


Uma faca. Fria.

Uma dose de cachaça, quente.

e o sangue, espesso, escorrendo.


Overdose de tranqüilizante. Indolor.

Uma garrafa de gim, incolor.

e o sangue, espesso, parado junto ao cor.


Corte no punho. Trágico.

Garrafa de uísque, o Manifesto Antropofágico.

e o sangue, espesso, escorrendo.

...

Atirar-me em frente ao carro

Afogar-me no catarro

Destruir-me a sangue frio!

Uma corda no pescoço. Firme.

Uma desculpa qualquer para ir-me

Dessa dor dentro de mim!


Vejo os quadros todos prontos

Meus pontos, meus contrapontos

Todos tão sós, como eu:

a verter o sangue espesso

das artérias, me despeço

desse amor que não morreu...

4 comentários:

Edna disse...

o corpo morre... mas sentimento não, mas essa e outra poesia, mas da vida. Beijos. Edna

Hélio Dantas disse...

o mesmo sangue que corre, pára, seca, coagula e mata se não houver algo bombeando além do coração.

August disse...

expetácular... explendido... no entanto nenhuma dessas palavras traduzem akele sentimento punk que se sente por dentro ao ler ''morta viva''... putz meu!... que lindoo!... lindu mesmooo! ;)

Anônimo disse...

Muito lindo! Parabéns! Que sempre vc escreva, pois vc tem o dom. beijos