"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Oração da lua ao sol*.

"Dá-me que eu me sinta teu"

Adona-te de mim, sol
sequestra-me de quem sou
faz de meu corpo tua habitação
toca, beija e consome.
Seja amor o cimento das fundações
do teu edifício
e de luz cobertas,
as paredes desse quarto
sejam floridos sorrisos.
Seja a cama aquecida com
pequeninos e prazerosos dèjavus.
Eu que já não sou mais flor fresca
à beira do lago
eu que trepadeira me espalho,
folhas secas sobre o noturno orvalho...
voa sobre mim como ave
toca-me o púbis, move-me a pelve
apascenta o lugar pra ti reservado:
a vida toda.
Volta,
desloca as fomes, os medos, as misérias
os segredos, as maldades e as imperceptíveis
ignorâncias
para baldios inóspitos e distantes
anula-os como aos germes
e me ama.
Vem,
e sejam cada instante,
cada vivência,
cada tarde, noite, hora,
manhã ou madrugada
seja cada toque ínfimo
um despertador
e cada chamado,
cada notícia ou conta
chegadas de dentro ou de fora
uma aventura nova
com sabor de vida plena
seja a vida
esse reescrito poema
porque estamos juntos
a iluminar essa estrada.


*por ocasião dessas cem noites ensolaradas.





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Um comentário:

Francisco Alves disse...

Lindo! Adorei! Começar o dia com um poema desses... é profecia que indica um ótimo dia!