"Dá-me que eu me sinta teu"
sequestra-me de quem sou
faz de meu corpo tua habitação
toca, beija e consome.
Seja amor o cimento das fundações
do teu edifício
e de luz cobertas,
as paredes desse quarto
sejam floridos sorrisos.
Seja a cama aquecida com
pequeninos e prazerosos dèjavus.
Eu que já não sou mais flor fresca
à beira do lago
eu que trepadeira me espalho,
folhas secas sobre o noturno orvalho...
voa sobre mim como ave
toca-me o púbis, move-me a pelve
apascenta o lugar pra ti reservado:
a vida toda.
Volta,
desloca as fomes, os medos, as misérias
os segredos, as maldades e as imperceptíveis
ignorâncias
para baldios inóspitos e distantes
anula-os como aos germes
e me ama.
Vem,
e sejam cada instante,
cada vivência,
cada tarde, noite, hora,
manhã ou madrugada
seja cada toque ínfimo
um despertador
e cada chamado,
cada notícia ou conta
chegadas de dentro ou de fora
uma aventura nova
com sabor de vida plena
seja a vida
esse reescrito poema
porque estamos juntos
a iluminar essa estrada.
*por ocasião dessas cem noites ensolaradas.
.
Um comentário:
Lindo! Adorei! Começar o dia com um poema desses... é profecia que indica um ótimo dia!
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