"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



sábado, 16 de abril de 2016

Pesadelo

nem o peito nu
revelando a pele branca
do entorno dos mamilos,
nem o entra e sai
de rostos conhecidos e desconhecidos
 - todos alunos -
na pequena sala.
nem o esquecimento do nome
do fotógrafo premiado,
nem as interrupções constantes
que nos afastavam do tema a ser
apresentado,
nada, naquele mar de desconforto,
me feria tanto quanto a certeza
queimando dentro
de que exausta, embora ininterrupta e brutalmente
eu lutava para não ser levada
pela frustração que em intensa corrente
buscava me tragar.
fui verdadeiramente rude
e bravamente
lutei em vão
tentando voltar ao tema
voltar ao quadro
retomar a aula
tudo completamente inútil.
já sem forças
caí em lágrimas suplicando compreensão
de uma conhecida e fleumática
estudante sentada no chão...

É excruciante viver esse duplo
observar o outro a fazer coisas que condeno
e que meus seios nus denunciam não serem eu.

Entre soluços e lágrimas
encerrei o mergulho implodindo:
as pálpebras abertas
denunciavam junto com os poros que o sol do sábado
já aquece demasiado o pequeno quarto.
fica essa sombra do medo infinito,
a consciência desse apego à razão
e a certeza de que tudo permanece caos
sob o lago escuro que sou.

3 comentários:

Unknown disse...

Quero carregar-te em meus braços, rodear-te de segurança.
Aplausos!!!

Unknown disse...

Quero carregar-te em meus braços, rodear-te de segurança.
Aplausos!!!

ILTA disse...

Não se revista ao revés de uma escravatura que não reflete tua imagem...
O teu poder é de possuir teu próprio corpo, de protegê-lo da alma fraca, da escura verdade falsa...
Não queira vagar entre seres imaginários lúdicos e sem propósitos ao teu querer
Sinta o que te pertence
Venha à tua casa, tua mente saudosa e retorne ao que te faz mais presente dentro do próprio corpo
“Mente sã, corpo são…
Não deixe que suas verdades regridem, avancem... Lute, para que sua história não seja marcada por bulas inglórias, de efeitos colaterais...
Lute, para que ainda possas ver nos rostos de todos que comungaram de tuas retóricas e expressas palavras, um pouco de tudo que és.
Olhe ao seu redor: Estamos aqui.