"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Fartou-se no banquete de uma noite
cheirou, tocou, esfregou, arranhou
energicamente
lambeu, sugou,
mordeu, deglutiu.

Raiaram-lhe depois 
as razões e o dia:
e era finda a poesia.

À noite, entretanto,
quando só, no quarto quase escuro,
ainda mete os dedos na boca, 
um por vez
a língua minuciosa, escavando os cantos
em busca de um sabor que revele
um resquício daquela pele.

Consome-se assim, há semanas
dispensou o uso de pijamas
e já não lhe resta nenhuma
de suas falanges distais.

É noturna e disforme essa fome, fome, fome...
dessas que enlouquecem a um homem 
dessas 
que ninguém sente mais.

Um comentário:

Paulo Segundo disse...

Até deu fome... pense em um banquete farto! Com os olhos degustei, hahahahaha