"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Des-pre-tensão

Imagem originalmente postada em biscatesocialclube.com.br

Com quanta graça e força
a vida, essa coisa torta
me atira assim, meio morta
nos teus meio-mortos braços.
E logo, sem embaraço
um lago que à alma afaga
nos lava e nos desafoga.

Os sustos desaceleram...

Esse instante que associa
pele, pulso, poesia
- desses que nem se diria
disponíveis hoje em dia -
com toda sua energia
nos tirou medo e cansaço,
desmentiu as leis do espaço
do dia sacou as horas...
felizes nós caminhamos
entre jovens e senhoras
e um dia
valeu por anos.

Sensíveis, desassombrados
nos cedemos solidários
sedentos e solitários
a saciar nossos cios
e eram tantos desafios
saudades, dores dementes
pecados impenitentes
cansaços, medos, enganos...
os lençóis formaram ondas
de um mar branco e bravio
onde juntos navegamos.

De lado muito trocamos
os nossos dois corpos lassos
e tanto fez o ar escasso
tanto fez se par ou passo
seriam a consequência:

com a doçura desse abraço
destroçamos nossa ausência
quebrando com o descompasso
da nossa (im)própria existência.



2 comentários:

asadebaratatorta disse...

Nossa, muito bom! Parabéns!

Rubens da Cunha disse...

olha,
cadê músico pra musicar esse belo poema?