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Com quanta graça e força
a vida, essa coisa torta
me atira assim, meio morta
nos teus meio-mortos braços.
E logo, sem embaraço
um lago que à alma afaga
nos lava e nos desafoga.
Os sustos desaceleram...
Esse instante que associa
pele, pulso, poesia
- desses que nem se diria
disponíveis hoje em dia -
com toda sua energia
nos tirou medo e cansaço,
desmentiu as leis do espaço
do dia sacou as horas...
felizes nós caminhamos
entre jovens e senhoras
e um dia
valeu por anos.
Sensíveis, desassombrados
nos cedemos solidários
sedentos e solitários
a saciar nossos cios
e eram tantos desafios
saudades, dores dementes
pecados impenitentes
cansaços, medos, enganos...
os lençóis formaram ondas
de um mar branco e bravio
onde juntos navegamos.
De lado muito trocamos
os nossos dois corpos lassos
e tanto fez o ar escasso
tanto fez se par ou passo
seriam a consequência:
com a doçura desse abraço
destroçamos nossa ausência
quebrando com o descompasso
da nossa (im)própria existência.
2 comentários:
Nossa, muito bom! Parabéns!
olha,
cadê músico pra musicar esse belo poema?
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