"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



terça-feira, 18 de agosto de 2015

Guerra e paz

Quando a noite se agiganta e nina o mundo
Com silêncio escuro espesso e calma e paz
Eis que o monstro manifesta seu profundo
Interesse em consumir tudo e o que mais:

Se faz lava e lava o rosto e o travesseiro
Se faz neve e cobre tudo ao meu redor
Cala o sono, a cor, o verbo, o amor inteiro
Me sufoca, estripa e grita, vencedor.

Todo dia o sol vem ver se teve termo
Essa luta cansativa e renovada
Ilumina cada canto desse ermo
Me revela a carne viva e destroçada.

O relógio se atrasou à minha espera
Fico vendo seu bater descompassado
Ele assiste e eu alimento a besta fera
Que inerme e monstruosa vive ao lado...

A enveneno pra recuperar a fome
E com ela, nos abismos me atiro
Ela ataca tudo aquilo que tem nome
E é por isso que a combato, ataco, firo.

Eu não sei o que será, se haverá trégua
Nessa luta estendida noite e dia
Meu descanso é transformar-me em rara égua
E, com asas, trotar sobre a poesia.


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