"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



quinta-feira, 8 de abril de 2021

poema primeiro*

Lá fora chove, 
a água cobre generosamente a terra
já é abril
a temperatura caiu e aqui 
entre pilhas de textos esperando leitura
movem-se rapidamente, a partir da manhã
as estruturas do pensamento que conflitam 
atritam, machucam, apertam, constrangem
um corpo que só quer se aninhar.

Lá fora chove, 
a luz prateia a goteira e o chão, 
o som repetido chega ritmado
e é ecoado pelo meu coração.

Volto ao estado de natureza 
que ignora a nova importância 
dada às coisas que ontem não existiam
e então fujo do Benjamin 
para reencontrá-lo por uns instantes
e inscrever por dentro esse poema chuva
esse poema luz, esse poema ar 
que se move em som
e respiração
esse poema salvação no qual 
não há ordem nem desordem
nem caos, nem deleite
apenas eu inscrita em versos
de re-existência.

*sob regime de doutoramento.


3 comentários:

Edgar Borges disse...

Chove aqui
O pedreiro não veio
O telhado saiu dali
E a chuva
Atrevida
Molha meu piso

A obra parada
A água escorrendo
Estragam meu sorriso.

Vanessa Brandão disse...

Lindo o seu Poema luz, primeiro sob doutoramento. Que essa luz sempre venha, principalmente nos momentos de apagamento. 😘

EX MACHINA disse...

Salve a Bela Musa, pós-helênica, pós-titulações, devir-indigena que suponho, chovendo sobre vc! Que chova sobre todxs NÓS!!!