"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



domingo, 1 de abril de 2018

Auto de fé*

Lucas Velázquez, Auto da fé. 1853.
 [Public domain], via Wikimedia Commons
Creio.
Se o que se preza
é não temer a perigosa
curva da estrada
se o viver, eu bem sei
pode a qualquer momento
esvair-se no nada
me prostro agora
diante de ti
e nesse altar
em que fartamente
me alimento,
danço, canto, represento
acendo incenso e velas,
por um momento
ascendo ao eterno.

E não me importo
se de descrença e medo
se enchem as horas tortas
em desalinho
sou de fé, sigo o caminho estreito
faço do amor porto e morada
e gozo e reza
ressurreição na qual me faço
reinventada.

E não me importo
não me importo de ser devota
de cada centímetro do teu corpo
e de cada gota que, de ti, brota.
À tua voz, teu olhar e teu sorriso
sou fiel e rendo culto nesse instante
do modo mais precioso e preciso:
sendo sua amada
e sua amante.

*ou Poema de Páscoa para Vitor.

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