terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Do meu romantismo - Refeito

Acusação: romântica

E não sou?
Sou lobo de matilha
do tipo que compartilha
o uivo para a lua.
Apaixonada
cometo pequenos e calculados delitos:
roubo
beijos
sequestro-me
por horas
mato
saudade e desejo.
Guardo na boca vazia
o sabor da noite passada
ainda que me digam 'louca'
- que heresia! -
toda aventura será pouca

"E digo mais"
meu rapaz:
em tempo de tanto egoísmo
e medo do outro e engano
e ciúme e posse e mentira
luto e danço
sob outra lira.
Em tempo de gente que pira
por carro, casa e grana
eu só posso achar bacana
amar assim, por amar.

Se sou romântica? Sou.
Nada mais a declarar.

O poema original publicado às quatro da manhã no facebook merecia uma mexida. Foi o que fiz. Se quiser conferir o original, acesse https://www.facebook.com/note.php?note_id=243581875717965




domingo, 29 de janeiro de 2012

Biutiful

Amanheço tarde                                                                    Amanheço tarde
já é tarde                                                                               já é tarde
o sol no meio...                                                                      o sol no meio...
penso naquele que me invade                                                 Em mim nem sombra
e por quem arde                                                                    de cuidado
meu anseio.                                                                           ou de receio.

De novo em brasas
por amor e vício
saltam sem asas
para o precipício.

sábado, 28 de janeiro de 2012













Small Pleasures, Kandinsky -1913.
(Imagem escolhida por Andréa Cordeiro)






Havia cor 
e bonecas e bruxas
e crianças cheias de coragem 
e amor.
Havia um trator azul
contrastando com a lama
descontrolado
rumo ao sul.
Havia esperança
em uma cabeça prateada
que falava silenciosa
expectativa e desejo.

E eu,
observando a tudo
mesmo cheia de medo
não queria acordar tão cedo.



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Enquanto os outros dormem...




Essa minha ausência crônica de sono
é patética
nasceu de um maldito abandono
se faz musical, literária, cibernética...

Depois de anos de terapia
já dá pra fazer poesia
dessa maldita patologia!

Eu sei que o caso é caótico
e que assim sempre houvera sido...
e hoje, um gótico
é meu 'tarja-preta' preferido.



Nick Cave...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

eu me afogo
quando me afagas
eu me afogo
quando me faltas
eu me afogo
quando me falas
eu me afogo
quando me falhas

porque fuga
não me fascina
e porque és mar
não piscina.



terça-feira, 24 de janeiro de 2012

imagem retirada do blog Letras de Sangue

Anoitece, ela desperta...
na noite deserta
a passos lentos
o som de seus saltos
fere os pensamentos.

Por toda a noite
é fagulha:
dança atiça gargalha...
triste alegria,
falsa fantasia,
vida em falha.

e antes de amanhecer
se retira
 - solitária - 
a vampira.



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

abstinência

For Jam
nem palavra
nem silêncio:
no peito
espaço novo
e vazio intenso.





domingo, 22 de janeiro de 2012

resposta

vítima e algoz
escravo e senhor
lento e veloz
que mais seria?

chega
então toca dentro
me desentoca e alimenta
enleva o verso
verte desejo por toda parte
vira arte
enche a vida
esperança e cor
que mais seria?
que mais seria?

vem
então desenvolve sonho
devolve o sono
estabelece paz
e é tudo invertido:
em perspectiva
enche a vida
alegria e sabor
que mais seria?
que mais seria?

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Hoje
me afastei de ti
pra te ver melhor
e vi
em toda cor
a minha vida.
O que se via
era uma fotografia:
o passado ao fundo,
desfocado
e em primeiro plano
um recomeço
uma promessa do acaso,
um conto inacabado
com você,
amado.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

outra fome

boto fé
é melhor que almoço, jantar
e café.

com certeza
é melhor 
que sobremesa

pro meu paladar
bom mesmo 
é te degustar...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Senhor perfeito

Quando falo em perfeição
não estou tratando da falta 
de defeitos
da pureza dos conceitos
nem de outra coisa etérea,
é de algo mais palpável
e sem juízo
do que me diz o meu 
espelho de narciso
é da pele, da matéria.

E é por enxergá-la
que compartilho sua casa
minha roupa
nossas asas.

Esse jeito homem/menino
te instalou certeiro
dentro do meu peito...

Foi esse jeito teu que me abateu,
e te fez 
senhor perfeito. 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Preservação

Quero manter em mim a sensação
de um noturno banho de rio
a liberdade da pele nua
seus dentes batendo de frio
e nossos pensamentos
construindo
uma intimidade apaixonada.


Por mim,
amigo querido, continuaremos
rompendo as regras:
incendiários,
criaremos tempo
além de horários,
turvaremos sentidos vencendo eras,
unidos comparsas
beijaremos o eterno das nossas
antigas quimeras.


sábado, 14 de janeiro de 2012

Se for, já é...

Juraria até querer e
arejar nosso
mundo, com carinho
incansável e sem 
limites.

Até lá, 
entretanto,
se te faço
uma promessa
é a de manter esse encanto
olhando você 
sem pressa.



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

meus dias para Bella

Há dias que me sei inteira
à beira do precipício
completamente entregue
ao prazer, ao amor, ao vício
há dias que me sei viva
em carne viva
ardendo atroz
há dias vivo
intensamente
bebendo a saliva
de meu algoz.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Guitar Hero

(ei, me escolhe? me agarra? 
toca-me, 
como à tua guitarra...)

Anoitece
e ânsia arde 
até tarde.

Não me cansa
o fato,
a caça,
palavra e ato.

Quero agora
sem demora
tua pele marfim,
teu cabelo negro
teus olhos e sorriso.

Eu preciso
que seja um instante
impreciso e sem fim
sobre mim, sob mim,
pouco importa:
sobre em mim...

domingo, 8 de janeiro de 2012

Manaus de novo

for Jam

Aprecio
quem se joga
se entrega
voa, se doa,
arde, pede
e corre atrás.
Aqueles para quem a margem
nunca é suficiente:
aprecio quem se afoga
de forma furiosa
e inconsequente.

Me incomoda,
me incomoda severamente,
o burocrata
e suas paixões organizadas em gavetinhas
enclausuradas em dias certos
feito folhinhas.

Aprecio o amor às dez da manhã da segunda-feira
o beijo de língua na fila do banco
o amor sem hora
sem eira nem beira:
que voa baixo 800 kilômetros
e é manco.





sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Placidez

O sol morre e renasce, reverente,
à paixão com que queimamos nossa noite
tua pele toca a minha lentamente
e fogo brando nos consome num açoite...

Com a língua lavo as letras tatuadas
em teu corpo rijo e solto de menino
nossas bocas foram desenhando estradas
onde apenas o prazer foi peregrino.

Fortalece-me essa juventude tua
debruçada sobre a minha carne crua
nua e livre de pudor e de maldade:

nos amamos até que surgisse o dia
estudantes de nossa anatomia
e rendidos ao desejo que nos arde.

PS:
Essa ânsia que, há tempos, meu amigo,
já nos enche dessa sede e dessa fome,
é doçura, e saciada, vira abrigo
nos unindo sob um céu que tem teu nome.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Novo ano...

Foram 113 poemas no ano passado. 85 seguidores cadastrados, muitos outros visitando. Chegando à casa das 10 mil visualizações. Num blog de poesia, feito por uma poeta sem grandes pretensões, que fugiu de São Paulo para viver no mais recôndito e extremo norte, isso é considerável.
Em 2012, o blog vai continuar. No ritmo que o mundo mandar, o mundo do meu coração, que rege as minhas palavras. Agradeço a cada um que veio aqui, que comentou, que clicou dando sua opinião, que sugeriu temas, etc. Já começo pedindo desculpa a quem pediu um poema de ano novo... por mais que eu tente, ainda nesse dia 04, tudo me parece muito igual...
Abraço a todos, feliz 2012!



ANO NOVO

Eu, poeta do XIX
embriagada de luz e poesia 
sinto a energia que me dedicas
quando inicia esse dia...

Mas é fato que ando
envolta em medo
e a causa não é outra,
não é segredo: 
a outro meu coração tem pertencido.

Sei que é um outro 
que me presenteia
com ausência,
negligência,
e outras formas de dor
diversas.

Ainda assim,
querubim,
não haverá novo ensaio
antes que feneça
esta antiga peça...