sábado, 13 de outubro de 2012

Fastio

amanheci cansada
de todas as caras onde me abrigo
espalhadas como o campo
que o espantalho do espelho mira
hoje não haverá amigo velho
que dilua do dia esse gosto acentuado
de que vida voa e a morte espera

hoje acordei uma fera
com meus digeridos versos-rascunho
arquivados de próprio punho num autoimposto
sufoco.
hoje todo mal é pouco
porque o sol é louco
a pele está sensível
e a carne do coração
maturada.

Hoje é piada errada
porque, de mim,
amanheci cansada.


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

correspondida


você me apetece
e a vida transborda
feito bárbara horda.

para minha alegria
o som que mais te apraz
está mais nas loucas
palavras sombrias
das minhas roucas
cordas vocais.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

presa

são suaves seus olhos
e me tocam
quando fecham
em silêncio

com sussurros
nós sonhamos
em degredo
e são ávidos
seus dedos
que me tocam

eu receio que meu medo se perdera
e pressinto que minh'alma ganhou dono
me permito ser tocada a noite inteira
alma e corpo olvidados do abandono

é assim, em pleno voo
que você me amarra:
madrugada e eu ecoo
feito as cordas
da tua guitarra.



quinta-feira, 4 de outubro de 2012

lua de mel


deveras, avivo-me
e me suporta o som
de teu violão...

Ave vinho!
e tudo tão suave...
arde em nós
véspera de abortado e eterno feriado!