terça-feira, 3 de julho de 2012


Magra,muito magra
tinha cara
e corpo de fome
não gostava do próprio nome
e quando colhia
legumes sob as bancas da feira
não sabia o que seria
além da sopa daquele dia.

O que o tempo fez da menina
descabelada
que pouco comia
e capinava terrenos baldios
pra jogar bola
onde chutava mais canelas
que os garotos vadios com quem andava?
A menina que batucava em fundo de balde
que xingava os crentes na ladeira
magrela, desgrenhada e encrenqueira?

Anarquista metida à besta
impaciente tratada por diversas terapias
não seguiu a esmo,
filhas e palavras
tornaram-se sua lavra...

Teve outro nome outro cabelo muita comida
apaixonou-se pelo amor, pela política e pela vida
e segue faminta
em infinita autofagia
servindo-se crua
em sua poesia.





4 comentários:

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