Lucas Velázquez, Auto da fé. 1853. [Public domain], via Wikimedia Commons |
Se o que se preza
é não temer a perigosa
curva da estrada
se o viver, eu bem sei
pode a qualquer momento
esvair-se no nada
me prostro agora
diante de ti
e nesse altar
em que fartamente
me alimento,
danço, canto, represento
acendo incenso e velas,
por um momento
ascendo ao eterno.
E não me importo
se de descrença e medo
se enchem as horas tortas
em desalinho
sou de fé, sigo o caminho estreito
faço do amor porto e morada
e gozo e reza
ressurreição na qual me faço
reinventada.
E não me importo
não me importo de ser devota
de cada centímetro do teu corpo
e de cada gota que, de ti, brota.
À tua voz, teu olhar e teu sorriso
sou fiel e rendo culto nesse instante
do modo mais precioso e preciso:
sendo sua amada
e sua amante.
*ou Poema de Páscoa para Vitor.
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