no fim não sabia
por quanto tempo estivera
na estrada vermelha
cobrindo-se de sol e poeira.
descobriu-se caído
aprisionado
pés rasgados sobre o pedregulho,
desgrenhado, faminto...
completamente vazio
de fé ou orgulho.
entretecido de couro e barro
mirou-se lentamente
a pele vincada como os sulcos no chão
os olhos noturnos em brasa
nenhuma brisa no pulmão
intentou erguer-se
mas com a rigidez de mil laços
as curvas da estrada impuseram-se
imperiosas
à sua coluna, suas pernas, seus braços.
e não há nada
que dele se revele
pois ali, sozinho
de caminhante
tornou-se caminho.
Pó sobre pó
ResponderExcluirComo palavras tecidas de vento
Ergueu-se de si
Inexistente e puro
Lavando - se na liturgia da chuva
Já não estendia as mãos às moedas
Sabia o soslaio alheio
Sem pena
Sem dor
Sem ressentimento
Já fora caminho e pedras soltas
Dessas que aqueles sem pecado jogavam
Das chagas e chacinas de estar vivo
Herdara o saber escuro
De atrás dos olhos
Agora fazia manhãs
Que confeitava de núvens
Imperfeitas e chuvosas
Cómo o homem jamais poderia ter deixado
De ser
Teu poema tá lindo, Eli. Meu face tá meio doido, por isso tá duplicando os comentários. Tentei apagar e ele danou os dois. Apaga um pra mim, por favor?
ResponderExcluirBeijão!