tristemente
transitava feito um traste
coberto de trapos
trôpego
cravava os dedos e as unhas
na carne da terra
como quisesse salvar-se da queda
e estava no chão
depois seca os olhos
engole a saliva
ajeita gravata e bolsa
e sai falsamente altivo
abraçado ao ofício que lhe mata
- o que o desespera
é entrever que em si não há cura
para o imenso medo da quimera.
Liberto
ResponderExcluirLiberto
Transitava tralhas
Triturando lembranças
Não atentava para o triste
Era tropeiro de sonhos
Tinha as unhas roídas
Laceradas de realidade
Mesmo assim flutuava
Agarrado a recordações
Bebia a terra nos olhos passados
Bêbados do ofício de arar desejos
Maquinava os próprios movimentos
Insano e leve como a Patagônia
Não vale a pena disse entre dentes
E fez vigorar sua própria lei de Descartes