Um dia os sustos tomaram forma de provas de matemática que era aquela linguagem de gente que sai do recôndito da terra e nunca, em nenhuma geração passada, havia se voltado pra mim.Jamais comunicamos, eu e ela e nos assombramos mutuamente por anos que pareceram eras.
Eu me rebulicei, tronxando as coisas que não cabiam até caber, fui extrusando o que era e foi estranho pertencer ao grupo e não ser ninguém. Estranho ser alguém no fio da faca, "aquela deusa?" "aquela vaca?", não foi tranquilo. Suave, não.
ah como doem
essas flores murchas
essas rugas toscas
esse tanto atrás
Não sei como nem porque vieram esses fantasmas habitar o paço e a sala e o jardim. Nem sei se sempre estiveram pela casa, à espera de um suspiro que me sacasse o que de mais perverso havia no fundo. Me alicerço no ar, não sei como nem porque se instalaram assim. Os fantasmas. Mesclam silêncios e uivos, entrecortam o eco do peito sob essa chuva incendiária que retorce e esmiuça e escancara a carne desgovernando e desavergonhando ideia. Eles veem e revolvem a coisa toda. E vêm de fora, e vêm de dentro. E ficam.
como doem
em caminhos tantos
derramados prantos
na ausência da paz.
Até te abracei daqui sem que tu soubesses - e o sabes agora...
ResponderExcluirRecebo o abraço estendendo-o mais um pouco, apertando mais um pouco... porque há dias em que só um abraço mesmo pode fazer habitar-se vivo esse mundo louco.
ResponderExcluirLendo isso me faz pensar. Ausência e solidão são sentimentos bem distintos, está só não significa sentir falta e sentir falta não significa está só. A solidão me parece confortável, a ausência me parece angustiante.
ResponderExcluirMoer e remoer de novo o gosto amargo dos sustos. Senti-los menos. Menos amargor e mais calmaria. Senti-los com calma. Pesá-los com a medida e a calma da idade que também Cecília, a Meirelles, viu no espelho. Ruminar, enfim, tem sua graça.
ResponderExcluirMuito bom, escavou fundo.
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