sábado, 12 de abril de 2014

Jamaica brasileira

sob azulejadas nuances
vermelhos e verdes
negros retintos
e aquela amarela
breve luz de uma vela
para Jorge, o guerreiro

o mago
com a radiola em controle
me enfeitiçava manipulando sua prole:
elevava compassadas
repetidas,
as notas que invadiam todos os cantos

e eu, embriagada pela fé que em mim se inserta,
no amor, que manifesto, a tudo altera, 
vi que o mundo se movia lentamente
vi assim o despertar de uma quimera
provocando-me um intenso desapego:
o meu corpo, separado de seus prantos
foi despido de seus demônios e santos
puro encanto e alimento para o ego

transe
de suor banhada 
a pele empretecida por dentro
não me impressionara mais 
que as retinas e ouvidos cheios:
meio demente
sempre, do que há no mundo
me fiz recipiente

era para Jah 
que soavam os cantos
e eu, entregando a alma
mantive a calma
ainda que desejasse
com toda a força
que fosse pra sempre cedo
e que praquele suave degredo
o fim não viesse
jamais.

Um comentário:

  1. Durante a negra noite os tambores da ilha tocam, cantam, encantam, enfeitiçam tudo e todos. Eles reafirmam a outrora magia de nossos ancestrais: quem bebe desta água sempre voltarás!
    Portanto, te espero amiga. ;-)

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