Cada minuto de silêncio
caiu-lhe como uma gota na testa
(o tempo atesta
que muito se perde quando nada se pede
que muito se esgarça quando o ardor
força e é farsa)
Fingiu felicidade
enquanto no fundo
corroía-se por fungo
o amor que se lhe entranhava o centro.
Não negou cuidados ao viveiro
delicadamente transplantou a orquídea
regou vaso e pensamentos
farejando saudades fugidias pela fresta das horas.
Daí despiu-se do medo e firmemente
feriu a si mesmo rompendo a pele em desuso
destruiu o jardim com fúria
metendo-lhe os dedos na terra úmida
entre as raízes,- quem sabe?-
furtaria de si
o fraudulento coração.
Ótimo poema. O legal é quando a gente se identifica com os versos de forma metafórica e nossa mente se deixa levar por lembranças de sentimentos que pensávamos que nunca iriam embora. Obrigado, Elimacuxi.
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