terça-feira, 12 de junho de 2012

Dia dos Namorados


É necessário saber que solo é mais fértil
à planta dos pés.
Asfalto ou trilha no mato?
Reta ou fechadas curvas?
Descalço ou de sapato?
Pisando em ovos ou em uvas?

O bom caminho só vem depois.

É preciso optar pelo amargo ou pelo azedo,
decifrar nas papilas o sabor que eriça os pelos
e, sozinha, com cuidado e zelo,
construir a sensação da sobremesa.

A saciedade só vem depois.

Há que se ter argúcia
De mirar o próprio rosto
e identificar as minúcias
que para a vida dão gosto.

Felicidade só vem depois.

Não me assusto 
quando a solidão
sobre mim bafeja:
antes quero descobrir, 
com calma vagarosa,
o que meu ser deseja...

tudo o que quero
de um dia como hoje
é apreender
o que aos outros foge:
para namorar alguém,
outrossim,
eu preciso antes 
namorar a mim.

6 comentários:

  1. Lindo, Eli! O mais bonito que li até hj sobre o tal dia dos namorados... Vou usar como "receita" e "caminho" e tentar, como vc, minha querida poeta, não me assustar "quando a solidão sobre mim bafeja". Amo-te. beijos. Mi

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  2. So vc pra falar de uma data tao piegas e conseguir ser linda e sincera, como tudo que faz, Adorei Eli <3

    kalyua

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  3. Linda demais! Eli vc é 10!!!!!!!!!!!!!!!

    Eu me encaixo nessa poesia, perfeita!!!!!!!!!!!!

    Hoje o dia pede!Até pra quem estar sem...rrsrsrrs
    parabéns pelas sábias palavras

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  4. Linda demais! Eli vc é 10!!!!!!!!!!!!!!!

    Eu me encaixo nessa poesia, perfeita!!!!!!!!!!!!

    Hoje o dia pede!Até pra quem estar sem...rrsrsrrs
    parabéns pelas sábias palavras

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  5. Nossa que linda linda linda, eu amei maninha, um sorriso que despertou em meu ser ao simplesmente sua poesia ler....Giih

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  6. O dia dos namorados passou
    e um poema não foi publicado
    a sua carne mais branca
    amassada de travesseiro
    esperando a tinta do desejo
    quedou-se na lata de lixo
    da inutilidade simbólica

    Os orgasmos abandonados
    na prateleira mais alta
    dos sons animalescos
    esqueceram de existir

    Os cheiros da importância
    do outro na existência do eu
    a vaca do tempo lambeu
    ou derramou no chão memória

    Agora resta saber se virá um dia
    num pote no final do arco
    da tua íris ou no barco
    em que é preciso navegar
    um fortuito encontro ou lugar
    em que a paisagem insaciada
    pela beleza da boca molhada
    se transforme em mar agitado
    ou em represa que arrebenta
    e que uivando se reinventa
    todo dia em todo lugar

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