terça-feira, 10 de abril de 2012

Poema para Roberto ou Da contra-indicação do amor líquido

ah como desce mal esse gole
antes queimasse feito cachaça
antes doesse feito pedaço
grande demais
mas não.

como desaprender
e se desprender
desses séculos de amor
que nos envolvem?

por ora o amor des-envolve-se
e as novas formas
parecem devolver a tudo
o acordo frio
calculado
seco
de muito outrora.

antigos
eu e você gostamos da queda
do soco no estômago
do susto que é amar
solidamente
e do risco de dar
de cara na pedra
do gesto repetido
na ponta da faca.

para nós não se indica
o amor líquido, não:
é certeza de mais ressaca
e menos alucinação...

4 comentários:

  1. Quem não bebe, nunca saberá como é bom chorar. Ou vice-versa, sei lá.

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  2. Belo poema, Especial Mulher. Confesso que tenho evitado amor líquido e até vida líquida kkkk Mas um porre de vez enquanto é bom....

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  3. O amor líquido a que me refiro aqui é o mesmo de que trata o Bauman em um livro que adoro:"Amor líquido, sobre a fragilidade dos laços humanos". Tem resenha no site http://www.institutohypnos.org.br/?page_id=3567

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  4. Me afogo...e lembro de teu me afogas quando me falas.

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