terça-feira, 29 de março de 2011

surpresas

I
eu não percebi o naufrágio
quando acordei
era sal  e sol pra todo lado
tudo desfazendo-se
tudo decretando obsolecência da matéria

II
entre bits e bites
gente não se fala mais:
se visita em salas virtuais
e troca carinhos
com carinhas pontuais

6 comentários:

  1. belo poema reflexo desse nosso tempo de agora

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  2. o mote é: Como ser materialista na era da internet?

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  3. eu sou materia lista de matérias
    tais
    que não há país onde me acante
    a paz que comigo trago
    não tem sementes
    e se esfuma
    a ira dos dementes
    não me inaugura
    a cura da minha mordida
    é o sólido patrimônio que se guarda
    até o cúmulo
    mas é de túmulo
    que o acúmulo das minhas lembranças
    é feito
    e se não deito
    teu corpo ao solo
    me colo ao teu colo
    e te faço sofrer do que não tens
    eu sou a angústia
    do não vivido
    eu sou a libido
    do que você perde

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  4. Quandou saiu
    levava a lista
    ao mercado:
    café, cebola, homem
    voltou sem compras
    nem troco.

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  5. Ei, Eli, vc sabe que vc é linda? Adorei o seu poema e adorei sua réplica. Especialmente a lista que foi levada ao supermercado. Tenho a nítida impressão de que além de voltar de mãos abanando, ela veio em farrapos...
    Beijo
    Mibi

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