quinta-feira, 3 de março de 2011

De escrever

Semeio e colho no campo cheio
de palavras.
Cavo com as mãos
buscando dourado termo.
Espero que o lento fogo do tempo amacie
as duras expressões.
E depois de afogar vocábulos em água e sabão,
torcidos os penduro, enfileirados,
num verso varal.

Ensimesmada
construo-me na tela branca
completando com riscos pretos
o vazio à frente do cursor que pisca.

Trabalhadora
lavro, garimpo, cozinho, lavo
alijo-me do resto alojada nesta lida
bucando em mim
matreira caça que, abatida
tem exposta a própria carne.

Gota a gota
levo a cabo a trapaça que esgota a dor
e engasto na jóia a preciosa pedra que equilibra
vida e arte.
Precária existência compondo uma história:
minha intensa e exibida miséria.

3 comentários:

  1. Poesia de alta qualidade e sentimento. Eu adorei de verdade como você se projeta atrás das palavras. parabéns por isso também, eterna professora!

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  2. nossa intensa e exibida miséria exposta no teu poema...

    abraços

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  3. escrever é um trabalho árduo as vezes. Mas necessário, né?
    Fico aqui "ensimesmada"
    porque se a gente não lavar, passar e escrever... como vamos nos vestir?

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