Semeio e colho no campo cheio
de palavras.
Cavo com as mãos
buscando dourado termo.
Espero que o lento fogo do tempo amacie
as duras expressões.
E depois de afogar vocábulos em água e sabão,
torcidos os penduro, enfileirados,
num verso varal.
Ensimesmada
construo-me na tela branca
completando com riscos pretos
o vazio à frente do cursor que pisca.
Trabalhadora
lavro, garimpo, cozinho, lavo
alijo-me do resto alojada nesta lida
bucando em mim
matreira caça que, abatida
tem exposta a própria carne.
Gota a gota
levo a cabo a trapaça que esgota a dor
e engasto na jóia a preciosa pedra que equilibra
vida e arte.
Precária existência compondo uma história:
minha intensa e exibida miséria.
Poesia de alta qualidade e sentimento. Eu adorei de verdade como você se projeta atrás das palavras. parabéns por isso também, eterna professora!
ResponderExcluirnossa intensa e exibida miséria exposta no teu poema...
ResponderExcluirabraços
escrever é um trabalho árduo as vezes. Mas necessário, né?
ResponderExcluirFico aqui "ensimesmada"
porque se a gente não lavar, passar e escrever... como vamos nos vestir?