"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

há dias sou essa nuvem escura
que ameaça e não chove
que só troveja e comove
cães tomados de loucura

há dias sou prematura
flor debulhada no asfalto

em contínuo sobressalto
insidiosa criatura

há dias me desconheço
como estivesse sem mim
esperando pelo fim
do que nem teve começo

3 comentários:

Anônimo disse...

"cães tomados de loucura" comovem-se com os seus versos. Sou homem, e os homens me comovem. Não consigo, talvez por falta de imaginação, pensar em nada mais angustiante do que estar numa espécie de intervalo comercial eterno, sem fim, nem começo, rolando na minha cabeça o dia inteiro. E eu lá, esperando a novela... ops, quero dizer: a minha vida entrar no ar. Belo e triste poema para uma noite de sexta-feira, Eli!

Elimacuxi disse...

Ah, anônimo que me fez chorar... Ladram os cães
e o tempo, ladrão que é,
nos toma a vida
mesmo nas noites de sexta-feira.

um beijo no ar.

suelen disse...

me reconhecer assim
me entender assim
mesmo sabendo que o me não pode começar uma frase...
talvez meu problema seja acreditar que meu me não possa começar uma frase.
quero meu me começando frases, mesmo que a norma não permita, quero assim, deixar de acreditar na norma e começar a acreditar em meu ME.
parabéns pelo poema!