Vivos, três, de pé
sob o sol, domingo, manhã
de pé, três, vivos
coração pulsando no limite da pele,
sob o sol, domingo, manhã
de pé, três, vivos
coração pulsando no limite da pele,
no limite do mundo
três corpos de pé, vivos
respiram o céu azul, respiram a luz solar,
respiram o céu azul, respiram a luz solar,
respiram a poeira que o vento insiste em levantar.
Por trás das máscaras, três vivos, de pé
estacam por instantes na calçada
suspendidos e intensos
no vácuo do impossível abraço.
E sabem do que lhes cerra o peito,
sem fiança de afeto, a faca cega que lhes serra o peito
sem fiança de afeto, a faca cega que lhes serra o peito
e que o gesto paralisa e nega
mas é o jeito
e se olham, se falam:
os livros, a amoreira,
é domingo, é cedo
há tarefas, há olheiras e olhos marejados,
os medos estão vivos
e os três de pé, par e passo
vivos.
E só poderia ser aos pedaços
que eu conteria na pele
a força, o peso, o volume
daquele impossível abraço.
*Para Zanny e Edgar.