se reconfigura e permanece
fragmentado
pedaços de outras vidas se mesclam
no eu agora incorporado
nada é puro
todo sentimento é copiado
cantando porque o instante existe
apesar da respiração difícil
vendo a vida besta,
meu deus
tanta perna seguindo no bonde
e esquecida
a doçura do correio entre amigos.
sem pneumotórax possível
a felicidade oscila
mas a alegria
ainda parece ser melhor
que a tristeza
então meu coração reza
na insistência de outras práticas
lendo o tempo, que ainda me pega à força,
arranco a filosofia entranhada
nas tarefas domésticas
como quem limpa peixes
como quem limpa peixes
salga carnes
prepara caldos
faço poesia.
faço poesia.
hoje acordei cópia
e no meio de mim jazia
uma pedra
sem tradução possível de parte a parte
era uma palavra presa,
empedrada, suja
e sem possibilidade de limpeza.
*pelas palavras de Cecília Meireles, Viviane Mosé, Adélia Prado, Elisa Lucinda, Bandeira, Drummond, Vinícius, e Gullar. Não necessariamente nessa ordem.
Gosto da tua forma de extrair as palavras do silêncio. uma tradução muito íntima que aflora na pele de muita gente.
ResponderExcluirSentimento que traduz nossos últimos dias
ResponderExcluirConfidência o momento que estamos vivenciando, de maneira muito íntimida, e a mesmo tempo com subjetividade, abrindo espaço para as múltiplas reinterpretação. Tá lindo!!!
ResponderExcluirGostei muito! (vc está bem?)
ResponderExcluirTodos os dias sigamos esse desafio: de extrair a poesia entre a rotina diária é os conflitos existenciais e de identidade, que nessa época de pandemia, insiste a nos retaliar, entre a positividade dos pequenos atos diários familiares e a zuada da população que insiste em quebrar o isolamento.
ResponderExcluirOlha que sorte a minha. Sua poesia chega até mim logo ao acordar. Logo hoje, que sonhei com professor Devair. Obrigada, Eli.
ResponderExcluirGente, muita gratidão por seus comentários. Seguimos.
ResponderExcluirUm beijo a cada um.