se reconfigura e permanece
fragmentado
pedaços de outras vidas se mesclam
no eu agora incorporado
nada é puro
todo sentimento é copiado
cantando porque o instante existe
apesar da respiração difícil
vendo a vida besta,
meu deus
tanta perna seguindo no bonde
e esquecida
a doçura do correio entre amigos.
sem pneumotórax possível
a felicidade oscila
mas a alegria
ainda parece ser melhor
que a tristeza
então meu coração reza
na insistência de outras práticas
lendo o tempo, que ainda me pega à força,
arranco a filosofia entranhada
nas tarefas domésticas
como quem limpa peixes
como quem limpa peixes
salga carnes
prepara caldos
faço poesia.
faço poesia.
hoje acordei cópia
e no meio de mim jazia
uma pedra
sem tradução possível de parte a parte
era uma palavra presa,
empedrada, suja
e sem possibilidade de limpeza.
*pelas palavras de Cecília Meireles, Viviane Mosé, Adélia Prado, Elisa Lucinda, Bandeira, Drummond, Vinícius, e Gullar. Não necessariamente nessa ordem.