A duras penas tenho aprendido
que o incerto não é errado...
O incerto é esse cinza que me embaça o olho
miro-o como quem encara a lança no peito
como quem perde o último fôlego rio adentro
como quem, da forca, sente a abertura do cadafalso
enfrento-o na rua e no leito
no dia raiado, na tarde murcha
na madrugada insone
o incerto a tudo vence
e nos consome...
debato-me frouxa com o desejo inconformado,
descontrolado,
de controle.
eu que tarde descobri as lições do fluir
ainda me perco amiúde entre quereres e fervores
me acinzento
desacatando crepúsculos e amanheceres
que se acumulam na retina pra me lembrar que me afogo
que me firo a ferro e fogo
ao tentar, por força
esse jogo vencer.
afiro a vida
e respiro de novo,
e de novo,
e de novo
invocando o mantra que me tortura e salva
- pois que destrói quem, tolamente, acreditei ser:
"não lutar,
nem temer."
Respirar, respirar e respirar de novo...Avante.
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