terça-feira, 16 de maio de 2017
Fênix*
à espreita na noite vazia
à espreita na hora vazia
à espreita na vida vazia
você procura o inimigo
e só, das dores vazia,
e esvaziada de si
assim segue bem consigo.
você procura os sinais
insiste, apura e quer mais
uma dor, uma cor, um adeus
fareja, fuça, fustiga
firma e fulmina - fatais,
afetos afoitos, os seus.
e nessa busca de cura
você vive intensa e livre
cheira toca lambe cospe
morde e goza - criatura recriada;
assim você se revive
tu mulher, é perigosa
quando se encara no espelho
descarta o velho modelo
se abraça e veste de novo...
pois vou te dar um recado
pra de mim não te perder
logo verás que a procura
a loucura, a cura, o encanto
são bordado do teu manto
de puta triste e santa má
desde o início até o fim.
haja ternura
nessa busca para a cura
da doçura e amargura,
loucura de ser quem és...
procura sem medo, toca
nas tetas, atos, nos testes
nas réstias de tantos tatos
nos restos de tantos tratos
nos ecos de tantos textos...
mas tenta, tão simplesmente
sobre rastro tão dantesco
nas trevas, tretas e tantras
entoar teus próprios mantras
ser tu o palimpsesto.
*Ou a respeito do propósito de "me curar de mim", cantado por Flaira Ferro.
Sem personagem ... ser fênix " nessa busca para a cura"
ResponderExcluirSem personagem. Ser fênix
ResponderExcluir"nessa busca para a cura"
Nem se fosse encomendado, nem se eu mesma tivesse escrito. Eu só fico aqui pensando se tu existe mesmo ou eu te inventei. Se eu existo mesmo ou se tu me inventou. Que eu encontre minha cura, amém!
ResponderExcluirSempre forte e intensamente sensível às entranhas Eli!!! Este poema especialmente me capturou visceralmente! LINDO! SALVE FÊNIX!
ResponderExcluirrenascida <3
ResponderExcluir