terça-feira, 10 de janeiro de 2017

apassionata

Foto de Emannuel Keller. (http://animaliajungle.blogspot.com.br/2013/12/especie-hiena-malhada.html)

é um vírus instalado
que danifica sistemas consolidados
capaz de se impor
e quebrar rotinas,
desativar o abandono,
revirar o estômago,
apagar o sono,
retirar a paz e
ainda assim
num só compasso
destruir o cansaço
é o que ele faz.

Feroz e voraz
uma vez ativado
esse bicho cavalo-leão-hiena
age assim, sem vergonha ou pena
espalha marcas roxas 
no pescoço
e suja, sem culpa
meus cabelos, meus lençóis.

Começou o ano
e se contaminada
ardo na febre de mil sóis
é simplesmente 
porque eu amo.

4 comentários:

  1. a felicidade azul como um falcão
    pousou na sua mão mandala
    toda sua mala se desfez em rosas
    as coisas a que ela tinha objeção
    se tornaram líquidas como a fome
    e o sem nome que mora no peito
    satisfeito com o momento redenção
    permitiu que ela se reencontrasse

    (granada zen)

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  2. Teria sido zen, não fora sem
    nexo sentido razão
    puro sexo,
    luxúria estúpida,
    torpe tesão.

    Teria sido sem
    sentido não fora
    o forte senso de oportunidade:
    deitou-se e explodiu em gozo
    em cada beco da cidade.

    Teria sido sem
    mas foi com frágil proteção
    feita em látex, camisa de força
    incontido e nu
    só o coração.

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  3. Quer dizer que foi só sexo
    Nada mais
    Que sexo é apenas e não tudo
    Que há algo além
    E que contudo não houve
    ou haveria entre nós
    quem desgovernado
    assume o outro como parte de si
    quem desfigurado invade
    saqueia e transforma em caldo derramado
    todos os pecados
    quer dizer que isso de morrer um pouco
    e tão profundo
    não é liga suficiente

    me sinto indigente
    como se faltasse sentido
    no gozo vertido
    em (teu des)vão

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  4. entenda, não é seu gozo
    o problema
    indigentes somos todos
    que no ocidente
    ignoramos que corpo e mente
    são só uma coisa e coisa vã!
    assim, culturalmente forjada
    ignoro Bandeira e sua lição
    sigo à espera, num afã
    da manifestação da alma
    essa quimera
    e desprezo que os corpos se entendem
    mas as almas não...

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