segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Poema de primavera















Quando venta
e o vento traz assim, de longe
uma palavra tua, doce irmã,
eu, que ao amor respeito,
suspeito que entre nós ele é espada de são jorge
é espada de iansã,
é lança de ogum:
raízes fincadas, parece seco mas resiste vivo
no peito, na pele, na cabeça...

transformado
se espalhou à beça
e espera, espreita
um encontro ou dois
um par de noites
um samba, um bolero
um brega
para atiçar depois
sob o açoite do desejo
renovada entrega.

talvez seja isso,
basta um morno e úmido beijo
pra irromper, de novo, um verde broto
amor maroto de quilate raro:

fruto maduro
dentro de nós.

 

sábado, 17 de setembro de 2016

posso
pois sou osso
sobrevivo
à carne
que entre a morte e a arte
estira-se sobre as sobras do tempo
estreita espaços
se importa
comporta
e conforma a vida.