sábado, 20 de agosto de 2016

Descolorido

esse poema
queria ter a cor da morte 
que acampou no quintal
há exatos quinze dias
e está levando com tanta dor
há mais de vinte horas
a pequena adotada a menos de três meses.

ele também queria ter a cor da alegria
da filha aprovada na última disciplina
a filha, sentada feito o pai
a filha, falando de sua pesquisa. 

ele queria ter a cor do cansaço
e da sensação de dever comprido
cumprido
no final de mais um seminário

mas ele mal se resume à cor 
dessa taça
rubro
como meu peito diante da vida

como meu peito
aberto feito uma cova
diante da vida.

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